Ainda trago um gosto a trigo atrás de mim Que se me agarrou à alma ao nascer Sou como um carreiro longe de ter fim Como quem ceifou searas sem saber Sou lá de onde ninguém fala das marés De onde o horizonte queima o olhar Por paixão ainda trago a arder nos pés O calor de uma seara por cortar Já cantei desde a nascente até à hora do sol por Já naufraguei nas ribeiras ao luar Ai alentejo quem te amou não te esqueceu E ainda se ouvem os teus ecos nas cantilenas do som O sol deu-me histórias velhas para contar Que eu guardei de manhanzinha ao pé do rio Em janeiro roubei mantas ao luar E ao pastor roubei um tarro e um assobio Já corri atrás dos corvos Já me escondi nos trigais Ouvi rolas nos sobreiros a cantar Ai alentejo quem te amou não te esqueceu E ainda se ouvem os teus ecos cada vez que a lua cai Já corri atrás dos corvos Já me escondi nos trigais Ouvi rolas nos sobreiros a cantar Ai alentejo quem te amou não te esqueceu E ainda se ouvem os teus ecos cada vez que a lua cai