Vá pela sombra é metáfora, fique vivo Vá pelo Sol é metáfora, não se mate Vá com cuidado, pra não virar bandido E vá com Deus, é apenas não desacate Mas cometo desacato por ser negro Já chega dessa merda, Cala a boca mano, me da um sossego Eles tem vários nomes pra dar pro meu lar Mas não me identifico só porque eles usam Minha coroa nem consegue se abaixar Mas falar da favela, assim que eles lucram Eles nunca vão passar o medo de morrer por fazer o Sinal errado Ou simplesmente não saber se o TCP é inimigo ou aliado Falaram de avanço nas comunidades, tô achando que é fake news Esse avanço é invisível por acaso, mano? Por que aqui ninguém viu Rimo beat faroeste nessa merda aqui, porque é isso que eu tenho visto O xerife não tem dado conta, morre um por dia e eu moleque de favela só assisto Maria, Guerreira dos contos de Conceição Literatura é a salvação Mato racista com a Bíblia na mão Olhos d'água? Não li o livro não Mas meus encheram d'água quando vi os cara da operação Porque no fundo da pós verdade Geral sabe Que infelizmente, morre mais inocente do que bandido Mas mudar isso não me cabe O que cabe nesse momento é aceitar que essa é minha realidade Não escrevo meus rap à toa Muitos se importam com seus bens, eu me importo com as pessoas Levanto o braço direito enluvado Abaixo a cabeça e grito I have a Dream com a merda do braço fechado Malcom X achava os brancos demônios, porque será Será por causa dos brancos que mataram seu pai ou o fizeram passar fome demitindo sua mãe? Você nunca saberá Então apenas silencie e acompanhe Você sabia? 7 a cada 10 vítimas de homicídio são negros Ai parei e pensei se todo preto fosse bandido, policia faria seu trampo direito Nos assoitaram, mataram, escravizaram Anos depois disseram do nada falaram tão liberados Malditos portugueses, estupraram minha filha E até hoje, nunca pagaram sua dívida Deixou minha família sem um prato de comida E eu não acho trabalho morre escravidão, cresce o racismo E como resposta, criamos o ativismo Pantera Negra, Black power, Luther King, Malcom X Posso dominar o mundo com um livro e um giz Olhe pra mim, veja o reflexo do preconceito E se for pra eliminar minha raça, da próxima vez faça direito Como o Brazza dizia Assino sempre, todo o dia Minha carta alforria Num sarau de Poesia Faço e Refaço Dia a Dia E como última frase, vida longa ao RuaSia