Durante uma noite inteira de inverno, Erma e sombria, caminhava eu pelas ruas da cidade sem vida. O véu negro da escuridão noturna cobria os céus, Mas não a lua, que iluminava o caminho. Pensamentos tristes oprimiam-me o espírito, Juntamente com a solidão sepulcral da noite profunda. O silêncio parecia eterno, Quando o ressoar dos sinos chegaram-me aos ouvidos, Anunciando a meia-noite. No mesmo instante, Revelou-se ao meu lado o vulto negro de um gato. Enorme, de solidíssima beleza, Com pêlo negro brilhante ao luar, Veio a mim fazer companhia. Olhava-me ele com olhos brilhantes, Parecendo lançar-me um feitiço, Parecendo querer se apossar de meu espírito, E de meus sentimentos mais obscuros. Caminhava ele em passos lentos, como eu. Caminhava ele em imortal solidão. Seguia-me os passos, ele, o lúgubre gato, Em uma caminhada incessante, que muito me irritava Assim, continuei caminhando e, assim, continuou vagando o gato durante horas, Como eu. Então comecei a segui-lo, Porque ele estava querendo que eu o seguisse, Então, ja começando a achar uma tolice, Seguir um gato, Chegamos eu um cemitério. Ele passou facil por entre os portoes, Eu tive que pular. Enfim, ele parou. E Eu vi a minha frente uma lapide. Com meu nome...