Tá cada vez mais difícil Não ser um bajulador Tá-se a tornar impossível Essa vontade de roubar Tá-se a tornar invencível E o medo tá-se a tornar invisível Será que um gajo tá a ficar insensível? Roubo ou morro de fome? Isso nem é discutível E a vida cada vez menos acessível Agora não temos arroz Por causa do combustível Como é que vamos ter sonhos de ser pilotos? Se os sonhos voaram e os nossos heróis estão todos mortos E o nosso passado todo torto E no nosso presente mais abortos Pra quê ter filhos sem ter como sustentar? Pra quê falar de livros, sem carteiras pra sentar? O país não pode ser rico, se a riqueza é só tua Como é que vamos ter hotéis Se ainda dormimos na rua Que os nossos sonhos não morram Num castelo de lata (de lata, de lata) Porquê fugir da morte Se essa vida nos mata (nos mata, nos mata) Não é justo quem semeia amor só colher desgraça (desgraça, desgraça) Então que Deus proteja o meu castelo de lata (de lata, de lata) Pra quê estudar Se nem temos emprego Como descansar Se nem temos sossego Quer dizer, alguns de nós Até têm emprego Mas ninguém fala de salários Até parece um segredo Tá atrasada tanto tempo Eu já nem sei se chega E quando chega não é suficiente Nunca chega É muita perda Muita queda Sem esperança de vitória A luta é incerta Nos enganaram com Fatos e gravatas E comeram o nosso dinheiro Com garfos, e essas facas todas E agora sem essa paca toda Lá se foram as vacas gordas Até parece que, o povo é que estraga Agora não há dinheiro E o povo é que paga Tantos castelos de lata na cidade Queres o povo feliz? Vende o teu castelo de verdade Que os nossos sonhos não morram Num castelo de lata (de lata, de lata) Porquê fugir da morte Se essa vida nos mata (nos mata, nos mata) Não é justo quem semeia amor só colher desgraça (desgraça, desgraça) Então que Deus proteja o meu castelo de lata (de lata, de lata)