O meu pai não foi valente Mas eu sou uma serpente Que não dou bote errado No estado da Bahia Num terreiro de magia O meu corpo foi fechado E lá no sertão baiano Chegou vermelhar o cano Do meu trinta niquelado Por eu ser tão perigoso E bastante audacioso Me chamam Fogo Cerrado No sertão alagoano E no sertão sergipano Eu fiz guerra sem trincheira Lá enfrentei cangaceiro Mas não caí prisioneiro No tocaia traiçoeira Eu enfrentei um bandido Que por mim foi destruído Terminou sua carreira Foi uma luta cerrada Foi de camisa amarrada No encontro da peixeira Eu carrego na cintura Peixeira que corta e fura E meu trinta carregado Não tenho medo de nada Tenho uma besta ensinada De puro passo picado No lugar por onde eu passo Mostro o peso do meu braço Pois nunca fui derrotado Minha viola fandangueira Deixa as mocinhas faceira Dando suspiro dobrado Quebro meu chapéu na testa E pra mim sempre é festa Eu nasci foi pra lutar Corro o mundo viajando Muitas terras vou deixando Mas não penso em voltar Durmo nas verdes campinas Bebo água cristalina Que a natureza me dá Vai despedir seu criado Adeus do Fogo Cerrado Que acaba de cantar