O pobre tem o desejo De encontrar sua paz Mas só anda para trás Do jeito de caranguejo Fico triste quando vejo Um pobre sem condição De comprar se quer um pão Para seu filho inocente O pobre só vai pra frente Com topada ou empurrão O pobre vive a sofrer Trabalha e não se acanha Mas o dinheiro que ganha Não dar nem para comer Tem as pernas pra correr Mas vive sem direção Igualmente a um cão Que o dono está ausente O pobre só vai pra frente Com topada ou empurrão O seu entretenimento É um rádio véi de pilha Que ao lado da família Escuta todo momento Quando vai a um casamento Não leva presente não Porque não tem um tostão Para comprar nem um pente O pobre só vai pra frente Com topada ou empurrão Quando ele adoece Sofre um terrível tédio Porque pra dar-lhe o remédio Politico não aparece A sua doença cresce Causando-lhe aflição E se sofrer do coração Morre instantaneamente O pobre só vai pra frente Com topada ou empurrão Ó pobre muito peleja Para sair do sufoco Mas tudo que faz é pouco Para ter o que deseja Por trabalhador que seja Nunca sai da precisão Morrendo até o caixão É doado certamente O pobre só vai pra frente Com topada ou empurrão Pobre não tem o prazer De ver um filho formado Recebendo um doutorado Para na vida crescer Ver é o filho sofrer Chacota e humilhação Daqueles jovens que estão Recebendo uma patente O pobre só vai pra frente Com topada ou empurrão Filha de pobre namora Com um cabra da favela Ele mete um filho nela Abandona e vai embora Ela volta sem demora Pedindo ao pai proteção Ele lhe estende a mão Com pena do inocente O pobre só vai pra frente Com topada ou empurrão O pobre muito se esforça Mas sente que não adiante Quando a noite ele janta No outro dia não almoça Seu sanitário é uma fossa Fedendo que só cão E as panelas no fogão Emborcadas diariamente O pobre só vai pra frente Com topada ou empurrão