Fui assistir um enterro De um velhinho do roçado Que numa cerca elétrica Morreu eletrocutado Durante o funeral Notei que o pessoal Chorava e dava gemido Porque aquele velhinho Era muito queridinho Por cada amigo querido. E entre aquele povo Que caminhavam chorando A viúva do velhinho Ia também lamentando Sentindo triste emoção Segurava no caixão E bem alto assim dizia: "Meu velhinho vai embora E eu vou ficar agora Sozinha sem companhia!" Confesso que eu também Derramei lagrimas no chão Vendo a pobre viúva Lamentando a solidão Não tinha nenhum filhinho E agora seu velhinho Acabara de morrer E ela sem alegria Chorava muito e dizia: "Como é que eu vou viver?" Ao chegar no cemitério O coveiro sacudiu O caixão dentro da cova E todo mundo ali viu Só que antes de o coveiro Com uma pá bem ligeiro De terra o velho cobrir Uma cena aconteceu Que eu confesso amigo meu Deu vontade de sorrir. Bem na beirada da cova A viúva espiou Pro caixão dentro da cova E dessa forma falou: "Meu velhinho tu vai embora E eu vou ficar agora Sozinha sem ter ninguém E eu vou sentir muta dor Oh meu velho, por favor Leva eu mais tu também!" E enquanto isso dizia A velha escorregou E caiu dentro da cova E lá em baixo gritou Num tremendo desespero: "Meu grande pai verdadeiro Me ajude pai eterno Chega aqui meu pessoal Eu estou passando mal Me tirem desse inferno!" O povo acudiu a velha Arrancando-a do buraco Teve cabra que riu tanto Que depois se sentiu fraco E quando a velha saiu Do buraco se sumiu Que quase perde o caminho E enquanto ela corria Gritava muito e dizia: - Quem morreu que vá sozinho!