Recordo meu carro velho No fundo do mangueirão As suas rodas faziam Profundas marcas no chão Eu me sentia feliz Ouvindo sua canção O carreiro era eu Vai Marcante, vai Tufão Aquele carro de boi Andou pela estrada além Levando cargas de cana A caminho do engenho Sempre cortando estradão No balanço vai e vem Quem ver este carro velho Não sabe o valor que tem Naquele carro de boi Carreguei minha companheira Eu carreguei alegria Também carreguei canseira Daquele carro de boi Feito de paus de aroeira Só resta no meu quintal Seus pedaços de madeira Com o peso da idade Meus cabelos branquearam O progresso aumentou Meu carro ficou parado Os anos foram passando De janeiro a janeiro Hoje só resta a saudade Do tempo em que fui carreiro Oi carro velho Que ficou na imaginação Oi carro velho Que cortou o meu sertão