Por toda miséria que existe no mundo Por toda criança sem educação Por todos os rádios que vivem ligados Segundo a segundo em qualquer estação Por toda política e religião Invento essa minha canção Por todos que ganham com a ignorância Por todos escravos do carnaval Por todos os bancos e advogados Que fazem da Terra um planeta legal Por toda coluna social Espalho esse canto afinal Por todo artista que canta o sucesso Ainda que o povo nem saiba falar Por toda empreiteira que faz o progresso Enquanto o peão nem tem onde morar Por toda indignação Eu faço essa minha canção Aliás Não deixe agora eu te distrair A vida não pára, você deve seguir Ganhar seu dinheiro, comprar e vender Quem é que tem tempo a perder? Melhor é tentar esquecer (Melhor é fingir não saber Melhor é fingir nem me ver) Por todos motéis e bordéis moderninhos Por toda chacina sem explicação Por todos os homens que gritam sozinhos Por todas as drogas da televisão Por toda essa gente no chão Eu choro essa minha canção Por todos os shows entupidos de jovens Por todos cursinhos pro vestibular Pelos sexy symbols, todos top models Por todas as modas que vão estourar (e passar) Por toda essa história irreal Eu falo um poema sem sal Por todos os nomes geniais do congresso Por todos os prêmios sorteados no ar Por todo infeliz preconceito confesso Por todo desprezo escondido no olhar Como um boxeador de milhões Eu choro essas minhas canções