Pobres são aqueles que precisam de muito Era isso que dizia um cheira cola imundo Que tocava seu pandeiro na entrada da feira E dormia jogado no Largo da Gameleira Ele disse que amava os turistas porque Todos vinham de longe só para lhe ver Ele sempre aparecia distante nas fotos No cantinho espremido saiu sem querer Ele era apaixonado pelo McDonald's Amava a comida daquele lugar Idolatrava e sabia que o gosto era bom Por que os restos nos lixos são fáceis de encontrar Ele não passa a felicidade no Master nem no Visa Ele sabe que homem feliz não usa camisa Era grato a Prefeitura por ter colocado Um sinal lá no Mercado de Artesanato Por que lá ele podia tocar seu pandeiro E enquanto os carros param, ele ganha dinheiro As moedas ele usa pra comprar café Por que o pão ele consegue com o Seu Mané Da padaria ali do lado que também desperdiça E em dias de sorte, sobra até aquela pizza Ele não passa a felicidade no Master nem no Visa Ele sabe que homem feliz não usa camisa Era figura com os policiais que ali ficavam E até era respeitado pelos coronéis Que aproveitavam e mandavam ele lavar os carros E depois iam comer de graça nos hotéis Até os pilantras assaltantes adoravam ele Quando iam assaltar os turistas gringos Por que ele era figura e não cabuetava Mesmo vendo tudo aquilo na porta do bingo Ele não passa a felicidade no Master nem no Visa Ele sabe que homem feliz não usa camisa