Meu primeiro traço despontou Na tela branca de Olodumaré Em minhas mãos o dom que vem do criador Fiz a paz de Oxalá resplandecer Linhas se encontram no painel Destinos são traçados de um pincel Matizes derramei em aquarela E assim a natureza se revela Verde mata de Oxóssi, Okê Arô! Rosado do céu de Oyá, rubro céu, Kaô! Dourado de mamãe Oxum, Ora iê iê ô! Beijando o azul do amor de Iemanjá Quem risca a pemba no chão sou eu Quem firma o Alujá sou eu Da gameleira talhei a madeira Pintei xirê de Orixá no Afonjá Axé do sagrado padê Do colorido que invade as ruas Axé é a força da fé É a farra de cada gravura Meu olhar na festa pra festa que não tem fim Vai do dia Dois de Fevereiro à Lavagem do Bonfim Revela a Bahia que vive em mim Corre a tinta na cascata essa força ancestral Faz do samba o retrato da coroa imperial Gira baiana, minha inspiração Reluz na imagem, dourada Ialodé Ao meu Império um quadro de amor No canto assinado: Obá de Xangô De todas as cores, das cores do Axé!