O tambor da vila tem feitiço Tô por conta do catiço, quero ver segurar Se esta noite o apavoro toma a pista Quem tem alma de sambista Ninguém pode assombrar A Vila desponta, o medo confronta Afronta esse chão sombrio Quem sabe rezar, melhor começar Meu povo dá arrepio O maquinista do trem, um rabugento sem par Parece alma do além, começa a desembestar Não sei se ainda tenho coragem Mas vou ver nessa viagem Se alguém pode me emprestar Chega na mata e o condenado freia A noite de Lua cheia me traz calafrio Ouço um grito alucinante Que faz tremer sem sentir frio Eu vi, vi lá Um fantasma passageiro Que pensou ser marinheiro Mas não sabia nadar Enfeitiçado, quase que se afoga Sambando se joga no rio ou no mar Gaiola encantada na beira da praia E a alma penada do nada desmaia O trem descarrilha em meio a fumaça Estou uma pilha e o medo não passa Cruz credo! Mais um susto e um gemido Malassombro atrevido Credo em cruz, mas que pavor Meu Deus, tenho sangue no pescoço Eu ainda sou tão moço Acelera condutor Ô, por temor ou por capricho Vou mandar soltar o bicho Essa avenida é minha Ô, deixa o caldeirão ferver E se a bruxa aparecer Acabou, é fim da linha