Me chamam ventania Porque estou sem estar E sem asas ou plumas Me veem a voar Aparto os cavalos que encilho Da negra tropilha dos temporais Tendo por marcos de posse O azul do horizonte e os pontos cardeais Na cancha reta do fio de uma adaga Balanço no freio meus fletes de lei E, a não ser ao amor das mulheres A nada me rendo, palavra de rei Ouço a voz dos que vivem plantados Em falsas raízes num palmo de chão Daqueles que, à sombra dos ranchos Cortaram-se as asas a troco de pão A eles aceno meu pala Bandeira dos livres que sei desfraldar E afundo meus rastros no mundo Eu sou ventania: Nasci pra voar