Num bolicho costeando a estrada A palidez do candieiro Detrás do balcão, por trás do bigode O sonho do bolicheiro Na prateleira, garrafas perdidas Entre teias de aranha e poeira Acorda parceiro, me serve uma canha Me comoveu teu capricho Mas dispenso a teia de aranha Não me agrada o instinto do bicho Aliviei a canseira naquele gole de pura E vi uma estranha figura no meio da fumaceira Virado em zóio e cavêra A tosse curtida e a tremedeira O baralho e a manha de quem tenteia Como a tecer sua teia Um desafio, e nós já se atracamo Num truco cego de mano Nunca vi mão mais ligeira Que a mão do tal calaveira No meio da fumaceira Virado em zóio e cavêra Era um mistério a maleza que eu tava Nem vinte pra envido ligava Quem perde um vintém, perde tudo que tem Não sei disparar de ninguém Mas me parei desconfiado De a sorte pender só pra um lado As perdas passando da conta Eu marquei o espadão numa ponta Pra ver se pegava de jeito As manhas do tal sujeito Virado em zóio e cavêra E a mão por demais de ligeira No meio da fumaceira A tosse curtida e a tremedeira Justo na vaza mais feia Que o às marcado na orelha Ficou no baralho me olhando Eu tinha o bastião, fui tenteando Botei vale quatro, ele não correu Joguei o bastião, ele matou Outro ás fedeu Chamei o porco no aço Decepei-lhe o braço E ele saiu feito louco Gritando agarrado no toco No meio da fumaceira Num bolicho costeando a estrada Ficaram dois azes de espada E a mão ligeira do calaveira