Vais dormindo as horas que eu não durmo Vais vivendo as horas que eu não vivo Vou morrendo cada dia perto e longe Longe tão perto desperto Tão incerto fugitivo Vou morrendo perto e longe Longe tão perto desperto, tão incerto fugitivo Vais cantando a canção que já foi minha Vais sorrindo as manhãs que já não vejo Vou chorando em cada corda do meu fado Fado maior acordado, já não querer roubar-te um beijo Vou chorando este meu fado, fado maior acordado Já não querer roubar-te um beijo Dormindo vivendo, cantando sorrindo Chorando morrendo, calando bem em fundo esta mágoa contida Mentindo esquecendo, amando fingindo Ganhando e perdendo em cada segundo a corrida da vida Vais rasgando a memória das palavras Desfazendo aquela novelo de ternura E vou calando na almofada da saudade Esta raiva consentida no momento de amargura