Canícula Sopra na direção Do que ficou E o que ruiu por fim Lava a alma Com o sal da terra E no meu olhar semeia Os ventos do sul Cálida ilusão Em teu ardor Um cais na travessia Corre ao largo O fino pranto Mas O que a lágrima perfura É fardo de um só coração Canícula Febre da noite vã Acelerou o curso da sangria Traz à casa O filho manco Por um torpe devaneio Por um facho de luz À margem dos dias sãos Emancipou E caiu aos pés da lida Ah, sereno Teu livramento é Como a foz de um rio seco Dissolve no azul da manhã Memórias que o vento traz E haverá de levar Nas águas de um rio Que aqui passou A mágoa que só o tempo há de ferir ou de sanar Ferro e amarras no chão O pensamento voa