Em todos os lugares O mesmo gosto azedo de coisas perdidas Aqueles olhares, o mesmo sorriso E nada de novo no front As aranhas comendo as abelhas E nenhuma estrela brilhando no céu O lixo pulando da boca E as luvas de seda se fartam no mel A grande comédia da vida O circo do medo e nenhuma saída Os caracóis lentamente tomam seu lugar No simplório banquete Um inferno de pérolas, ouro Casas de puro marfim E no seu trono de sangue E rei desconhece o seu próximo fim Hoje eu acordei tão triste Só de lembrar começo a chorar Se a patuléia delira Xingando do alto das arquibancadas Não se vê no trapézio Se equilibrando no fio da navalha Gritos e urros e brados São tiros e ficas zunindo no ar E lá no alvo desse peito De pedra que espera esse dia passar Cabos de guerra que avançam Milhares de naves ao amanhecer Quem de um mundo distante Não sente saudade não sabe sonhar Quantos bem menos que humanos Se arvoram em ser o senhor da floresta Mas o que resta é um brilho noturno Que foge no véu do luar Hoje eu acordei tão triste Só de lembrar começo a chorar Se hoja as migalhas são tantas e bastam Milhares de pontos de luz O brilho liquido e certo Dos pixels de carne, sexo e prazer No oco do vaso vazio Respira o silêncio que não quer calar E as mariposas que dormem na sala Cansadas de tanto voar Terra de gigantes, almas pequenas Loas a ignorância São tantos corpos na lama, espíritos soltos Que querem voltar Eras e eras a frente No eterno redemoinho do tempo Um dia cairemos cansados Ao ver os navios queimando no mar Hoje eu acordei tão triste Só de lembrar começo a chorar