Quando eu tava por cima Não faltava gente pra filar o feijão Eu era o rei do cangaço O dono do pedaço, o senhor da razão Todo dia presente, um novo amigo por hora Eu não tinha descanso Ficava só no balanço O tempo todo naquele beija-mão Era festinha pra lá, era festinha pra cá Eu só andava nas pontas Era um Deus nos acuda, eu era VIP demais Nunca pagava a conta Era negócio que vinha, negócio que ia Champagne francês Tava no topo do mundo Eu era a bola da vez Agora que eu tô por baixo Não aparece ninguém pra me ajudar Nem um santo qualquer Que atenda o telefone quando eu ligo a cobrar Não tenho mais dinheiro, nem carro do ano, Nem amigo importante Hoje eu sou retirante Devo não nego, se puder vou pagar Aquela vida passou, aquele sonho acabou E agora, José? Quem era amigo sumiu, quem era sócio fugiu Eu agora ando a pé A solidão é fria, mas minha alegria é ver a lusitana rodar E aí quem sabe um dia, a minha sorte pode virar