Eu sou um poço de versos Sou cachoeira, sou caçimba Sou ramagem que não cimbra Por mais repleta de ninhos Sou canto de passarinho No alumbramento da aurora Eu sou a estrela da espora Cantando pelos caminhos Eu sou a estrela da espora Cantando pelos caminhos. Sou verso que sai à trote Com franciscano desvelo Rimo pelos cotovelos Quando o vento faz o mote Meu canto não perde o norte Pois, de guitarra ou de relho Eu vou cantando parelho Fazendo pouco da morte Eu vou cantando parelho Fazendo pouco da morte. Eu sou canário da terra Que não cai em alçapão Sou outro galo de guerra Que faz cantar o esporão Assim vou narrando a saga De um povo sobrevivente Riscando à ponta de adaga O passado no presente Riscando à ponta de adaga O passado no presente. Por isto ninguém me cala A teimosia do canto Em balcão onde me planto Qualquer gaita me regala E donde meu verso xucro Tira ronda de à cavalo A lua uiva nos cuscos E o sol repica nos galos A lua uiva nos cuscos E o sol repica nos galos.