Pedro Ortaça

Guapeando

Pedro Ortaça


Guapeando

Não confundas o meu jeito rude 
De quem parece já estar minguando 
O mundo é igual ao outono, penso 
Ensina a gente a continuar guapeando 
Não me venhas com propostas novas 
Sei o que faço conservando o tino 
Aprendi que por mãos estranhas 
O rumo é outro, não se faz destino. 

Faço charque, guardo canha, tenho doce 
Bom cavalo, erva nova, isso eu posso 
Pegue o prato, não se acanhe vá servindo 
Mesa posta nada alheio, é tudo nosso. 

Vejo o rebanho que está crescendo 
No ventre xucro destas invernadas 
Mesmo que tentem me entregar não vou 
Aprendi lições nestas camperiadas 
Venho da era da semente pura 
Me fiz gaúcho por abrir caminhos 
Com braço forte conquistei querências 
Com guitarra e canto afastei espinhos