Se o que me resta é um nada Meu canto vem nesse vazio Rompendo as cadenas do medo E o pavor de mil noites a fio Se o que me resta é um sonho Virado todo do avesso Percorro as distâncias de mim Recorro aos meus tantos tropeços Andei, andei pelo fim do mundo Não me iludo, não me iludo Livre é estar preso a ninguém Quando ninguém se tem Preso se quer estar Andei, andei pelos quatro cantos Não me engano, não me engano Resisto a tudo enfim, dia sim Outro sim, contrariando este não Que a tudo invadiu Milonga contra um mundo vazio Se a angustia das horas Apaga o colorido dos dias Rebelde eu me insurjo a rotina E insisto em continuar vivo Se o meu querer é contrário A ordem estabelecida Prefiro os abismos do nunca Aos céus da hipocrisia Se sou uma voz no deserto De certo será este o destino Pisar em areias incertas Andar pelos meus descaminhos Sei que nada é em vão A estrada é de todos nós Ninguém será o algoz Da sua própria missão