Quando a fome bate em casa A poesia vai embora Dos versos cortam as asas Co’a chegada da senhora É de dia, é de noite Na verdade não tem hora O vazio que tem no prato É ela quem nos devora Quando a fome bate em casa Sem permissão para entrar Desmorona, tudo arrasa Sabe bem nos humilhar Nos subúrbios, nas cidades Nos becos a transitar Gente pobre, retirantes Já não podem esperar Quando a fome bate em casa Pai, Filho, Espírito Santo Desce a filha à cova rasa A tristeza com o seu manto Quem nasceu nos arrabaldes Nas quebradas, entretanto Não esquece nada disso Tudo isso no seu pranto Quando a fome bate em casa Faltando arroz e feijão É tristeza que não passa Desemprego, exploração É um basta de chorar É um grito na multidão Rebelar-se contra a fome É razão e coração