Mal sabia quem lá estava Era a morte que rondava E um banquete preparava Para as aves de rapina Com fuzis e carabinas Aguardava na surdina O momento da chacina Que ali se desenhava Até hoje quem esquece O sangue na curva s E o pavor de quem perece Num instante como aquele Pago com a própria pele Que aponta e nos impele Que a verdade se revele Condenando quem merece Foi o quinto mandamento Que o cristão por juramento Respeitando o ensinamento De repente viu quebrar Não podia acreditar Que na terra de plantar Para a fome saciar Fosse o último momento Entoando um cantochão Surge ao longo do estradão Quem não teve extrema-unção Nem disse adeus na partida Quem ficou sem despedida Se ressente dolorida Balas que tiraram vidas E feriram a nação E em plena luz do dia A queima-roupa, a judiaria A matança e a agonia De um calvário camponês O algoz por sua vez Mente ainda que não fez Toda aquela estupidez Que foi pura covardia Pois a vida não se encerra Com sete palmos de terra Nem tão pouco se desterra Em nome da impunidade Quem tem medo da verdade Não merece liberdade A sentença dos covardes Dificilmente se erra A história que escrevemos Aos mártires devemos As lições que aprendemos Para a luta prosseguir Não podemos desistir Nem deixar-se iludir Pois iremos construir Um país no qual queremos Se pergunta o mundo inteiro Vozes vindas do estrangeiro Lá do norte brasileiro Em eldorado carajás Do estado do Pará O Brasil não calará A justiça se fará Aos dezenove companheiros!