Aquele pretinho velho Lá de Guaratinguetá Sentindo o peso da idade Sem forças pra trabalhá Pedia a Nossa Senhora Para um dia libertá Para que ele fosse livre Do sinhô e da sinhá Um dia deixou a senzala Fugindo da sorte ingrata Fez seu ranchinho de palha Na beira de uma cascata A patrulha do patrão Vasculharam toda a mata Encontraram o preto velho E cortaram de chibata Ao passa em frente à igreja O preto fez um pedido Tire a corrente de mim Porque estou arrependido Eu quero pedir perdão Meu erro foi ter fugido Tornaram bater no preto Deixaram no chão caído Preto velho levantou Pro céu arrumou as mãos Houve o grande milagre Da Virgem da Conceição Nossa Senhora no espaço Veio a sua proteção Toda corrente de aço Partiu e caiu ao chão Na Aparecida do Norte Ainda tem a corrente Lá na sala dos milagres Exposta pra toda a gente Quem vê a corrente lembra Os maus tratos do patrão Do sinhá e da sinhá No tempo da escravidão