Levantei um dia cedo tomei meu café com broa Peguei meu samburá, o meu remo e a canoa O meu caniço de taboca e uma pinga da boa Um palheiro pra espantar muriçoca que ferroa E desci o rio abaixo me equilibrando na proa. Me apoitei numa vazante já no vale do ribeira Perto de um remanso fundo no costão lá da pedreira Eu joguei o meu anzol com a isca verdadeira Logo a linha zuniu, a fisgada foi certeira Pra tirar o peixe d'água, lutei não foi brincadeira Quando foi escurecendo a canoa estava cheia De peixe de qualidade pra eu fazer minha ceia A garrafa de cachaça tinha bem menos que meia Contemplei o criador por tudo que ele semeia É sangue de pirangueiro que corre na minha veia.