Estou morando num recanto de sertão Onde a civilização não sabe que existe Moro no grande coração da natureza Onde o céu tem mais beleza e a cigarra canta triste A onde eu moro não existe ilusão Minha luz e lampião, minha água é de vertente Minha mobília é madeira emparelhada Me trator é a enxada, meu dinheiro é a semente. Minha piscina é um simples ribeirão É minha televisão é um lindo amanhecer Meu automóvel é um cavalo tordilho O meu ouro é o brilho que o luar vem me trazer Meu palacete é um rancho de sapê Minha arma é a fé que protege os dias meus Minha riqueza sempre foi minha saúde E grande virtude é acreditar em Deus. O meu transporte ainda é o carro de boi Que muitos vezes foi lindo teme de canção Onde os poetas misturam com saudade Este carro de verdade em simples recordação. Para o homem do mundo civilizado Ainda sou atrasado sem cultura e sem valor Mais nesse lindo paraíso de verdade Para ter felicidade não precisa ser doutor.