Quero uma rima simplesinha pra cantar Falando em coisas que deixei lá no sertão Quero um regato mansamente a rolar Ver borboletas adejantes num botão De manhãzinha quando vem rompendo o dia No pé da serra brinca alegre um tangará E de repente tudo tudo silencia Para ouvir a melodia do maestro sabiá Deixa seu moço eu sonhar Já que eu não posso voltar Deixa seu moço eu sonhar Já que eu não posso voltar Quero uma casa humildezinha pra morar E um rego d'água pra matar a minha sede Quero uma sombra junto a um pé de um manacá Aonde eu posso a embalar a minha rede Uma cabocla para ser somente minha No seu jardim eu quero ser o beija-flor À tarde eu quero uma viola afinadinha Uma toada e uma modinha pra cantar pro meu amor O Sol desmaia lá nos braços do horizonte Pinta no peito uma pontinha de tristeza A Lua nasce clareando atrás dos montes Eu me extasio a contemplar tanta beleza Uma coruja pia triste lá distante E o curiango lhe responde com certeza Os pirilampos vão surgindo num instante São estrelas, são diamantes, enfeitando a natureza