Um dia curtindo meu sono pesado Chamei o bragado pra perto de mim Nele pus a sela, peitoral de brilho E o coxinilho da cor de marfim Abri a porteira da enorme invernada E por uma estrada por lá me enfiei Lembrando a infância e curtindo sozinho Pra aqueles caminhos de novo passei Passei a porteira do velho riacho Que fica lá embaixo margeando o grotão Passei contornando a velha lagoa Olhando as taboas forrando o varjão Cheguei na mangueira grandona e cercada Que fica encostada no velho galpão No esteio lá em cima eu vi pendurado O laço quebrado e o velho lampião Corri os meus olhos no piquete inteiro Eu vi os bezerros querendo mamar E o retireiro molhado de orvalho Com muito cuidado pros bois separar Olhando as casinhas formando fileira A colônia inteira na frente eu cruzei E bem lá na frente bem junto a estradinha Na velha igrejinha entrei e rezei Igual remexendo nas rédeas da crina A coberta fina por cima eu puxei E ali pensativo golpeando o soluço Na cama de bruços calado eu chorei Parece que eu via meu velho bragado Me olhando assustado querendo inclinar Querendo dizer, meu velho não chora Que os tempos de outrora jamais voltará