Na passagem da boiada Só ficou o poeirão Misturado com a saudade Ferindo este velho peão As lembranças do passado Voltaram pra machucar Curvando a tela da mente De um homem forte valente Que não pode mais tropear Embalado nos acordes Do rangido da cadeira Recordei naquele instante Minha vida boiadeira De quantos bois de arribada Eu puxei pelo estradão No galeio do meu braço Ou no pealo de um laço Chinchado por um pagão Revivi nesse momento Meu passado tão distante Voltei a lidar com gado Nas campinas verdejantes No fim de um rodeio No lombo de um redomão De emoção até chorei No instante que levantei O troféu de campeão Feito a poeira que vai Seguindo o leito da estrada Meu sonho também se foi No encalço da boiada Até a velha cadeira Seu rangido emudeceu Parece ter percebido O peão forte destemido Que dentro de mim morreu