Não sei se ri, se estão contentes Se é decente a estrutura da coxia Do circo das pulgas Se elas são artistas ou simples operárias Se gostam das muralhas que o separam Ou se choram em segredo lágrimas inséticas? Quando termina o espetáculo Será que vão em um barzinho se encontrar com outros artistas Que sabem ser insetos, mas sentem-se melhor No palco sob a luz improvisada Esquecendo-se da vida e das coisas fétidas? Ao trabalhar pra prefeitura Ou pro governo do estado federal E para empresas que não são artistas Será que a pulga sofre com a nota fiscal Com a burocracia de todo edital Com duras palavras das pessoas céticas? Mas quando a banda começa a tocar As questões se dissipam no ar Como se nunca tivesse existido Questões entre o mundo e as pulgas Sempre vai ter picadeiro e pão. Digo para sempre, mas às vezes não Sempre vai ter picadeiro e pão. Digo para sempre, às vezes não Sempre vai ter circo e pão, às vezes não Sempre vai ter pão, às vezes não Sei se ri, se estão contentes Se é decente a estrutura da coxia Do circo das pulgas