Paulo Peres

Meu Quarto

Paulo Peres


O chão do meu quarto
É feito de lágrima 

A parede do meu quarto 
É feita de grito 

O teto do meu quarto 
É feito de pensamento 

A janela do meu quarto 
É feita de saudade

A porta do meu quarto 
É feita de solidão 

Meu quarto é um fator endógeno: 
Um grande exílio sem anistia, 
Um suspiro negado de amigos;
É enfim, a nata visionária 
De uma princesa que velejou 
Nas cinzas do carnaval 

Meu quarto 
É um coração impuro, 
Na verdade morto 
Pelo tempo sujo 
Cujo silêncio é festa