Um casal com um filho de seis anos Decidiu residir no Maranhão Muito perto do rio Mearim Num período de grande inundação Talvez alguma prova do destino Colocou o casal e o menino Numa triste e cruel situação Num momento de pura displicência O menino saiu para brincar Quando a mãe sentiu falta, disse aflita Nunca mais o meu filho vai voltar Porque onde tem tantos jacarés Tantas onças e sucuris cruéis Só sai vivo quem Deus quiser salvar Nisso o pai do menino foi chegando Quando a mãe contou tudo ele correu Pela margem do rio feito um louco Lamentando meu filho já morreu Se acaso Deus não interferiu Uma cobra o pegou e o engoliu Ou uma onça o matou e já comeu Quando andou mais ou menos um quilometro Margeando a valente correnteza Meio longe escutou a voz do filho Chegou perto pra ver se era certeza Mas em vez de findar a aflição Ele quase morreu do coração Com o susto seguido da surpresa A uns nove ou dez metros de distância Viu um tigre com cara de assassino Mais ou menos uns quinze jacarés Cada qual mais faminto e mais ladino Mas o medo ficou mais desconforme Porque tinha uma sucuri enorme Enrolada no corpo do menino Com o grito de medo que o pai deu Quase tudo que é bicho se apavora Todos os jacarés sumiram na água O felino também sumiu na flora A serpente foi se desenrolando Libertando o menino e mergulhando Se enfiou na enchente e foi embora Disse o filho chorando ao pai aflito Papai graças a cobra não morri Ela me defendeu dos jacarés Com o tigre lutou eu tudo vi Depois me segurou me protegendo O pai disse meu filho agora entendo É o milagre da cobra sucuri