Paulo Marr

Drogado

Paulo Marr


Me droguei com minhas palavras
Enchi a cara de lágrimas
Que passaram a desenhar
Linhas tortas em meu rosto

O fim do mundo passei a encontrar
Em cada copo de conhaque
Enquanto as borboletas eram
Vomitadas na calçada

A escuridão me chamou
E me tornei amante de cada estrela
E cada estrela quis ser minha poesia
Enquanto vagava perdido

Todos estão se divertindo
Enquanto ando na beira do meu abismo
Todos querem um gole de felicidade
Mesmo que esta traga ressaca

Vou berrar para ninguém me ouvir
Vou ficar em silêncio enquanto
Sou devorado pelo meu coração
E minhas palavras tenham a cor do que comi

Me jogo dos meus pensamentos
E caio sobre a cama
Paro de pensar e só choro
Com esta droga de tristeza que nunca
Vai embora