Morreu de velhice aos trinta anos Num domingo de Páscoa sem paixão Vagou pela vida em desenganos Trazendo sofrimento entre as mãos Infância perdida na estrada Espaço de fuga da ilusão Dos sonhos dispersos na calçada Da vida ferida em contramão De tanto andar pelo mundo Histórias perdidas no chão Tomou-lhe um cansaço profundo E a tristeza atingiu-lhe o coração Mas nunca chorou, mesmo com a dor Homem não chora meu irmão Só conheceu mesmo o amor Com a vinda do seu filho João João que cresceu único e só Vendo o pai se perder na solidão Saiu pelo mundo chão e pó A vida escorrendo pela mão João adulto se tornou Com sonhos dispersos na calçada E sem se importar com quem o amou Teve a infância perdida na estrada Agarrou a tristeza pela mão Vagou pela vida em desenganos E tal qual o pai, também João Morreu de velhice aos trinta anos.