Do sétimo filho vai nascer um lobo Que se perde e pede socorro Nada pode lhe parar: Nem a prata, nem rezar O demônio vai partir, vai uivar e vai rugir Corpo enegrecido, olhos feito a Lua Mente podre obscura vazia e crua Quando minha mão chegar na garganta da fera Vou provar ao povo meu ou pro inferno vou com seu terror Besta-fera Demônio Assombração Lobisomem Besta-fera Demônio Assombração Lobisomem Quando eu morrer, não soltem meu cavalo Nas pedras do meu pasto incendiado Fustiguem-lhe seu dorso alanceado Com a espora d’ouro, até matá-lo Um dos meus filhos deve cavalgá-lo Numa sela de couro esverdeado Que arraste pelo chão pedroso e pardo Chapas de cobre, sinos e badalos Assim, com o raio e o cobre percutido Tropel de cascos, sangue do castanho Talvez se finja o som d’ouro fundido Que’em vão, sangue insensato e vagabundo Tentei forjar, no meu cantar estranho À tez da minha fera e ao Sol do mundo Mas eu enfrentarei o Sol divino O olhar sagrado em que a pantera arde Saberei porque a teia do destino Não houve quem cortasse ou desatasse Não serei orgulhoso nem covarde Que o sangue se rebela ao toque e ao sino Verei feita em topázio a luz da tarde Pedra do sono e cetro do assassino Ela virá, mulher, aflando as asas Com os dentes de cristal, feitos de brasas E há de sagrar-me a vista o gavião Mas sei, também, que só assim verei A coroa da chama e Deus, meu rei Assentado em seu trono do sertão Nada pode lhe parar Nem a prata, nem rezar O demônio vai partir Vai uivar e vai rugir Nada pode lhe parar Nem a prata, nem rezar O demônio vai partir Vai uivar e vai rugir Quando minha mão chegar Na garganta da fera Vou provar ao povo meu Ou pro inferno vou com seu Nada pode lhe parar Nem a prata, nem rezar O demônio vai partir Vai uivar e vai rugir Quando minha mão chegar Na garganta da fera Vou provar ao povo meu Ou pro inferno vou com seu terror