Zé Macaia, minha gente Era um mulato valente Pior que uma caninana Ligeiro como Corisco Espetava inté um cisco Na ponta da lapiana Mas não era desordêro Pois ganhava o seu dinheiro Trabaiando e tinha sorte O cabra era inteligente Ficou rico de repente Negociando boi de corte A despois ele enricou Uma fazenda ele comprou Já com segunda intenção Tinha visto a mais bacana A mulata Mariana Dona do seu coração Gostaram e se casaram Pra fazenda se mudaram Duas vidas se encontravam Zé Macaia era feliz Mariana teve o que quis E a vida continuava Mal sabia o Zé Macaia Que a desgraça de tocaia Procurava lhe alcançar E Zé Macaia, coitado Ficou pobre arruinado Do jeito que eu vou contar Na fazenda apareceu A praga dos gafanhoto E o bicho tudo comeu Não deixaram nem um broto O destino foi marvado E a natureza servage Como diz o véio ditado Desgraça pouca é bobagem Veio uma enchente tirana E o gado pra se sarvá Estourou e a Mariana Com o filhinho foi mata Zé Macaia perdeu tudo Não sarvou nenhum vintém E o coitado ficou mudo Não falou mais com ninguém Quem era outrora um valente Hoje na porta da igreja É um farrapo de gente Estende a mão e esmoleja E esta é toda a história De quem na vida sofreu E eu não conto vitória O Zé Macaia sou eu