Conheço um velho ditado que é dos tempos dos zagais Diz que um pai trata déiz fio, déiz fio num trata um pai Sentindo o peso dos anos sem podê mais trabaiá O véio peão estradeiro com o seu fio foi morá O rapaiz era casado e a muié deu de impricá Você mande o veio imbora se não quisé que eu vá O rapaz coração duro com véinho foi falá Para o senhor se mudá Meu pai eu vim lhe pedi Hoje aqui da minha casa O sinhô tem que sair Leva esse couro de boi Que eu acabei de curtir Pra lhe servi de coberta Daonde o sinho dormir O pobre véio calado Pegou o couro e saiu Seu neto de oito ano Que aquela cena assistiu Correu atráis do avô Seu palitó sacudiu Metade daquele couro Chorando ele pediu O véinho comovido Pra não vê o neto chorando Partiu o couro no meio E pro netinho foi dando O menino chegou em casa Seu pai foi lhe perguntando Pra que você qué este couro Que seu avô foi levando Disse o menino ao pai Um dia vou me casar O senhor vai ficar véio E comigo vem morar Pode ser que aconteça De nóis não se cumbiná Essa metade do couro Vou dar pro senhor levar