Uma parece sereia A outra mais desengonçada Uma lembra a Santa Ceia A outra a fome danada Uma o dia clareia A outra é noite fechada São milhões de palavras feias E bonitas misturadas Umas sempre mais tranqüilas Outras mais desesperadas Umas calmas e gentis Outras loucas, irritadas Umas leves, pueris Outras com carga pesada Umas sábias e sutis Outras que não dizem nada Mas são milhões de palavras feias E bonitas misturadas Umas só vejo em inglês Outras aportuguesadas Um revelam de vez Outras tantas camufladas Mas são milhões de palavras feias E bonitas misturadas Umas são de dar tristeza Outras andam enfeitadas Umas santas da pureza E outras putas renegadas São milhões de palavras são Todas querem ser usadas Se atracam em bofetão Foice, gilete, facada Um destaque no refrão Querem ser eternizadas Mas o poeta de plantão Não é bom pede perdão Como hoje está chovendo Está sem inspiração