Ourival Siriano e Sannsão

Fazenda Campos Belos

Ourival Siriano e Sannsão


Quando chega o mês de agosto
Na camparia se vê
Entre o fumaceiro branco
Florescer os pés de ipê

Eu deixei bastante pés
Lá dentro da invernada
Para proteger os pastos
Dar abrigo a passarada
Sombrear os pantaneiros
Perfumar nossa morada

Eu mesmo fui o arado
Que tombou todo esse chão
Não reparem se eu chorar
Não conter a emoção

Aqui falta um amigo
Que sempre me deu a mão
Hoje ele está com Deus
Lembro nosso triste adeus
O meu compadre João Preto
O preto velho João

Meu cavalo quarto de milha
Por nome de Gavião
Lembro a besta Loirinha
Veloz igual furacão

Tudo isso é saudade
Que me aperta o coração
O passado me retrata
Quando os meus filhos fala
A mamãe foi a medalha
Pro papai ser campeão

Hoje estou velho cansado
Meu passado lembro tudo
Não vejo os bacurizais
Onde berrava zebus

Aqui nessa cercania
Sempre fui um homem forte
Mas o tempo por pirraça
Me tirou toda a cachaça
Cadê meus burrões de raça
Que sempre foi meu esporte

Quando por aqui cheguei
Era um sertão sem fim
Deus e a mulher amada
Isso aqui era um jardim

O sertão era um império
Parecia um castelo
Meus cabelos estão brancos
Já se foram tantos anos
Sou o velho Siriano
Da fazenda Campos Belos
Oi lari lari larai