Quando chega o mês de agosto Na camparia se vê Entre o fumaceiro branco Florescer os pés de ipê Eu deixei bastante pés Lá dentro da invernada Para proteger os pastos Dar abrigo a passarada Sombrear os pantaneiros Perfumar nossa morada Eu mesmo fui o arado Que tombou todo esse chão Não reparem se eu chorar Não conter a emoção Aqui falta um amigo Que sempre me deu a mão Hoje ele está com Deus Lembro nosso triste adeus O meu compadre João Preto O preto velho João Meu cavalo quarto de milha Por nome de Gavião Lembro a besta Loirinha Veloz igual furacão Tudo isso é saudade Que me aperta o coração O passado me retrata Quando os meus filhos fala A mamãe foi a medalha Pro papai ser campeão Hoje estou velho cansado Meu passado lembro tudo Não vejo os bacurizais Onde berrava zebus Aqui nessa cercania Sempre fui um homem forte Mas o tempo por pirraça Me tirou toda a cachaça Cadê meus burrões de raça Que sempre foi meu esporte Quando por aqui cheguei Era um sertão sem fim Deus e a mulher amada Isso aqui era um jardim O sertão era um império Parecia um castelo Meus cabelos estão brancos Já se foram tantos anos Sou o velho Siriano Da fazenda Campos Belos Oi lari lari larai