Única coisa que eu faço direito é ser triste Todo resto que eu tento acaba parecendo um chiste Só me desabilite, ou então me interne de vez Não quero ser freguês, de um falso circo de palpite Gastei o osso da carcaça, até deu tendinite Escrevi mil versos agora querem que eu recite Pro pobre é alpiste, não sirvo pra escrever hit O que bate no meu peito é o que eu cuspo nesse beat Sombria história, conto de Edgar Allan Poe Não sei lidar com sentimentos, tipo meu avô Raivoso e violento fora, mas por dentro amor Demorei 26 anos pra me decompor e compor Essa música com notas de autoestima Toxina repentina que alucina e extermina Faz dobrar o sino de uma ilusão cretina E quando despertamos outra dose de atropina Queria só algumas linhas, escrevi uma crônica Se tu quiser pode chamar de uma carta irônica Mano eu odeio celular e chamada telefônica Transmito ideias mais letais do que peste bubônica Caí do ninho aos 14, cada ano um filme Essa é minha vida passarinho de 2020 Muitas águas que já passaram, outras passariam Só que eu construí um dique, sou constituinte Eu luto ao lado dos rebeldes tipo Skywalker Todos os dias caminhando, salve Johnnie Walker Não adianta rastrear, eu dou aula pra stalker Me escondo em construções antigas, paredes de alker Faço alquimia imortal de autores antigos Tudo que um dia eu não sabia eu procurei nos livros Tô aprendendo a separar o que é joio do trigo Essa foi clichê demais, grava lá no meu jazigo Se eu nasci pra ser só isso, eu sou só isso mas não só Deixa disso, olha o pico, mano, sai dessa de pó Vida louca, mundo estranho, só efeito dominó Ainda nem sei se eu existo ou se eu existo e só Eu já quis abrir minhas asas pra poder voar Chegar longe disso tudo, quero ver o mar Me afastar da sociedade e seus hipócritas Se isso aqui for uma guerra então vou atirar