Senhores peço licença Pra lhes falar de saudade Essa morocha ventena Que vez em quando m'invade Eu sei bem onde nasceu Foi quando contra vontade Eu juntei as minhas tralhas Pra me bandear pra cidade Deus me dera que algum dia Eu volte pro interior Quero ouvir daquela prenda S'ainda é meu o seu amor S'eu soubesse quando vim Que ia ser sofredor Eu não teria deixado O meu povo e minha flor Sinto falta de andejar Entre mato e corredor E lidar num mangueirão De bombacha e tirador Lá fora qu'é vida boa Água clara de vertente Criação rondando o rancho Lavoura, fruta, semente Tem festa do padroeiro E tem quem goste da gente Se forceja muito mais Mas todos vivem contentes Morando aqui onde moro Peleando por meu futuro Escravo destes relógios Uma coisa eu asseguro Nunca vou mudar meu jeito Continuo pelo-duro E o meu verso é bem campeiro Pois me agrada o canto puro.