Solito gastando mágoas Chegou junto da porteira Mas a porteira fechada Só mostrou a piazada Que não lhe ouvia os anseios Não sentiu mais os arreios Nem o afago das casas Porque mesmo sem saber Se transformara em saudade A asa da liberdade É sempre feita de penas Ah peticinho Com razão ou sem razão Esqueceu-te o compreender Igualando-te a tapera Crucificada no tempo Cicatrizando na terra Destrilhas-te a tanto tempo Que a aguada andará buscando Velho petiço pipeiro Das casas se distanciando Sonha sonhos sem destinos Cicatrizando um caminho Por não passar em teu sonhos Em sonhos de peticinho A roda da sanga a proveito subiu E a sede na estância da estrada sumiu Quem tanta água buscou Nem um pouco lhe sobrou Para lavar as feridas Que um par de varas lhe deixou Num fim de tarde outonal Descansou seu sofrimento Junto ao moinho de vento E lhe causou tanto mal Quando correu a notícia Que meu petiço morrera Sem compreender muito essa existência Senti que se extraviara um pedaço Da minha infância