Eu desde menino não creio em destino Nos pagos sulinos ninguém me alacaia - Gaúcho tropeiro do chão brasileiro Por ser companheiro não tem quem me traia. É bom que se diga gosto de cantiga, Não gosto de briga, não faço tocaia Por ser afamado, domador do estado, Já fui convidado da terra uruguaia! Com brilho no céu, quebrei o meu chapéu, Pra montevidéu fui marcando raia - O dia clareava, por lá eu chegava Ver se gineteava uma tal égua baia. A bicha ligeira era fazendeira A filha primeira do tal pedro maia Foi gente de grosa ver tirar a prosa, Da égua famosa da terra uruguaia! Montei sem temer, ouvi o povo dizer Hoje eu quero ver se o peão não desmaia Pro ar eu subia e uma voz se ouvia, Que pra mim dizia: - gaúcho não caia. A égua domei e depois apeei Pro povo gritei, sem medo de vaia Não quero quem pense que fama me vence Eu sou rio grandense, platéia uruguaia! Mesmo no cansaço, com desembaraço, Recebi um abraço da dona da baia Tão linda, tão bela, pedi o nome dela Voz doce singela, respondeu: - zoráia! Me fez a proposta e eu dei a resposta Quem é que não gosta de um rabo de saia Hoje me compreenda, sou dono da prenda Fiquei com a fazenda e china uruguaia!