Sou choro de cordeona, gemido de violão Sou embalo da vanera nos fandangos de galpão Eu sou o perfume da china que espalha pelo salão Eu sou tinido de espora no sapateio do peão. Sou o vento que gineteia sobre o lombo das coxilhas Sou abelha que busca o mel sobre as flores de maçanilha Sou a alma de muita luta, sou aço duro que brilha Eu sou a ponta da lança de um velho herói farroupilha. Eu sou grito de guerra nas batalhas de cartucho Sou a fúria de um guerreiro que agüenta firme o repuxo Eu sou o laço que une este rio Grande sem luxo Eu sou a hospitalidade do rancho de um gaúcho. Sou a vida redomona que pra amansar não tem jeito Eu sou carinho e amor, educação e respeito Eu sou o poema do poeta que escreve o verso perfeito Eu sou a voz bem crioula que sai vibrando no peito.