Os Dois Mineiros

Baú da Saudade

Os Dois Mineiros


Um dia fazendo minhas caminhadas
Encontrei na estrada um velho conhecido
Falou dos irmãos e de sua infância
Quando era criança e dos seus pais queridos

Contou que seu pai era um velho carreiro
E o candeeiro era um dos irmãos
E pelos vizinhos eles eram chamados
Pra tombar terra naquele roçado
Pra suas colheitas de milho e feijão

Todo dia cedo ao cantar do galo
Selava o cavalo e subia a invernada
Pelas corrutelas cortando atalho
Molhado de orvalho e tocava boiada

Os bois no curral o meu pai encangava
Os filhos acompanhava o dia inteiro
Fazia mudança e puxava mourão
Cortava madeira e arrastava no chão
Ainda levava tora no estaleiro

O tempo passou e os irmãos cresceram
Meu pai adoeceu e Jesus o levou
E no calendário da felicidade
Somente a saudade no peito ficou

Ao abrir um baú com as fotografias
Ao ver a família ali reunida
Com nó na garganta e o peito apertado
Parece sentir alguém do meu lado
E o jeito educado do papai querido

Hoje quando passo em frente a nossa casa
A saudade arrasa o meu coração
Ao lembrar de tanto trabalho pesado
Que ficou marcado por calos nas mãos

Me lembrei da cruz que Jesus carregou
Quanto exemplo deixou para a humanidade
Agora que já contei sua história
O dia que eu também for embora
Espero deixar exemplo e saudade