Desde piá que sou arroz de festa Me convidar nunca foi preciso Não posso ouvir o ronco de uma gaita Já vou pra sala dançando de liso A noite acaba vem raiando o dia Eu vou dançando sem ligar pra isso No fim do baile tô com as pernas mole Ainda morro disso Se vejo carne passo a mão na faca Deixo sobrando só espeto e osso Se sinto cheiro de uma canha pura Já traço um gole pra enxaguar o pescoço Quando começo esqueço de parar Como e bebo até ficar roliço Por sorte uso bombacha bem larga Ainda morro disso Se dou um boi pra entrar numa briga Dou uma boiada pra sair dela Nesses bochinchos eu nem sempre ganho Às vezes tomo uma surra daquelas Mesmo apanhando não me endireitei Por qualquer coisa faço um rebuliço Já escapei de pegada feia Ainda morro disso Quando enxergo um rabo de saia Esqueço todo e qualquer compromisso Num dia desses encontrei a prenda Uma morena que a tempo eu cobiço Joguei a China linda na garupa Tomei com ela um chá de sumiço Estou virado só em pena e bico Ainda morro disso