Escuto o choro da gaita Que pra tocar não se nega E a voz do cantor dizendo Que o bugio não se entrega Num rancho de chão batido Sarandeia com suor e pó Onde a china e o taita Parece um vulto só Um lampião quase dormindo Com as tardes rio abaixo No remanso dos meneios Baila a chama no compasso É sempre o mesmo ritual Reina no tosco ambiente Onde o guapo pacholeia E a china baila contente Oito baixo surungueira Nas bailantas beira rio Faz ecoar pelos ventos O lamento do bugio Existe um outro senário Lá na barranca do rio E no capão que restou Dorme calado o bugio Seu canto alegre nas margens Morreu no desmatamento E correr manso da águas Faz do silêncio um lamento Por isso ao raiar do dia Com o baile terminando Em cada som desta gaita Escuto um bugio cantando