Orfeu e Menestrel

O Brinquedo da Solidão

Orfeu e Menestrel


Não é que eu queira ferir os teus sentimentos
Não tenho a intenção de te machucar
Porém eu peço silêncio nesse momento
Vou contar uma história por mim vivida

Eu sei, ela é doída e talvez você
Queira ouvir, não irá conter
Poderás chorar
Poderás sofrer

Embora eu tenha tido uma bela infância
Brincando todos os prazeres de ser criança
Hoje sou o brinquedo da solidão
Ai, como dói na carne a dor da traição

Pois fui amar loucamente certa mulher
Fiz dela minha esposa, mãe dos meus filhos
No entanto ela amava a vida de mariposa
E sempre me traiu quando estive ausente

Pensei, ela é doente, digna de dó
Mas nunca devia ter deixado os filhos
Ter deixado o lar
Pois sofre o castigo de hoje viver só

E ela que sempre foi mulher orgulhosa
Hoje mora na lama mais horrorosa
Paga com juros caros por ter traído
Eu que amava tanto e não fui ouvido

Pra quem me vê cantar com tanta amargura
Digo, essa é minha forma de desabafo
Na vida eu faço o papel de uma criatura
Que tem que ser pai e mãe, tudo a um só tempo

Pensei
Essa é minha cruz e eu vou vencendo
Se sou infeliz devo suportar sem desesperar
Pois Deus assim quis