Meu sertão de minha vida. Caminhos por onde andei Casa velha onde nasci Açudes que me banhei. Estradas de chão batido Chapéu de couro curtido Lua cheia de verão, Cheiro de curral de gado São retratos do um passado Na minha imaginação. Caminhos tortos, riacho, Porteira aberta, vazante. Gravatá brotando cacho Um sol se pondo distante Rastros de pássaros na areia, Sorriso de lua cheia, Cantiga de azulão, Um rouxinol no telhado São retratos do passado Na minha imaginação. Um corocoxó de sapos Brindando a água barrenta Cabritos dando sopapos Enquanto a cabra amamenta Lençol de saco estendido Um entardecer chovido Um pé de manjericão Num pote velho quebrado São retratos do passado Na minha imaginação. Um ninho de patativa Feito de folha e raiz A plantação de maniva Um sertanejo feliz. Boi comendo na baixada, Uma viola afinada Um poeta, uma canção, Um martelo agalopado, São retratos do passado Na minha imaginação. Uma jurema florida Numa manhã de neblina Uma cabana pendida, Uma cerca de faxina Uma briga de caçote, A jia dando pinote Na beira do cacimbão Um cururu escanchado São retratos do passado Na minha imaginação. Uma rolinha cantando No galho da goiabeira Um jumento se coçando Nas estacas da porteira Uma fogueira queimando O cheiro do milho assando No braseiro do fogão, Rádio de pilha ligado São retratos do passado Na minha imaginação. Um jumento relinxando Uma jumenta no cio A meninada brincando De peteca e currupio Umbuzeiro de estrada Uma algaroba copada Catagem de algodão, Um bizerro encurralado São retratos do passado Na minha imaginação. Na forquilha da cozinha Um ninho de jão de barro Uma rã pequenininha, Escondida atras do jarro Num formato de atilho 14 espigas de milho Penduradas no oitão, Um marimbondo arranchado São retratos do passado Na minha imaginação.